terça-feira, 31 de maio de 2011

A criança e os dentes







Os dentes de leite devem ser tratados?

Eis outro aspecto importante. A pergunta deve ser respondida com a afirmativa: "Sim, devem ser tratados e muito bem tratados". Há vários motivos para isto, passamos a relatar alguns deles:

É falsa a crença de que os dentes temporários não necessitam ser tratados, porque serão logo substituídos pelos permanentes, descuidam-se no seu tratamento. Nada mais irreal. A saúde dos dentes permanentes é uma conseqüência direta da saúde dos dentes temporários. Dentes temporários estragados e não reparados podem causar sérios danos aos dentes permanentes
O processo de cárie passa de um dente para outro. Assim, na dentição mista (onde estão presentes dentes decíduos e permanentes por um período de 4 a 5 anos) um dente-de-leite estragado compromete a integridade dos dentes permanentes
Em razão do tempo de utilização, os dentes de leite devem também ser tratados, como os permanentes. Senão vejamos. Alguns dos decíduos só serão substituídos 10 anos depois de nascerem. O segundo molar temporário, por exemplo, nasce aos 20 meses e é substituído aos 10 ou 11 anos. Este dente, quase sempre, quando não é tratado, nem cuidado, está completamente comprometido pela cárie aos 6 anos e fatalmente deverá ser extraído. Atentem bem, este dente só será substituído 4 a 5 anos depois. Portanto, esta criança, durante esse largo período, ficará prejudicada na mastigação, justamente em um período importante de sua vida, quando mais necessita dos complexos alimentares para o seu crescimento. Mais do que nunca, ela precisa alimentar-se bem e absorver bem os alimentos. Todos sabem que a digestão se inicia pela boca. Para que os alimentos sejam bem aproveitados no resto do aparelho digestivo, exige-se que esta primeira parte da digestão seja bem feita. A trituração perfeita dos alimentos, por uma mastigação também perfeita, possibilitará ao organismo uma fácil absorção dos alimentos e proporcionará o aproveitamento das substâncias fundamentais para o crescimento normal.
O dente-de-leite dói, do mesmo modo que dói o permanente. Todos sabem que uma dor de dente não é nada bom. Porque então deixarmos que nossas crianças sofram? Porque deixar que os dentes cheguem ao ponto de doerem? Mais ainda, dente cariado quando não dói espontaneamente, dói quando excitado pelo frio ou pelo calor. Quantas inapetências não se explicam pela dor de dente? Quantas preguiças de estudar não se explicam pela dor de dente? Quantas irritações "inexplicáveis" não se explicam pela dor de dente? São perguntas a serem meditadas, para que se tomem as providências necessárias
Já foi concluído, como vimos antes, que, dentes estragados e não tratados, trazem em conseqüência uma deficiente mastigação. Esta deficiência, além do problema alimentar que causa, provoca uma perturbação direta no crescimento dos maxilares, privando esta região dos estímulos benéficos da mastigação. Todos os órgãos, todos os tecidos, necessitam estímulos para crescerem, como necessitam estímulos para se conservarem sãos. Não é sem razão que os cientistas afirmam: "A função faz o órgão"
Os dentes-de-leite, extraídos prematuramente, não guardam espaço para seus correspondentes permanentes. Daí grande número de problemas ortodônticos: dentes tortos, que não são desejáveis, não só, pelo aspecto estético, como, também, porque estes dentes em má articulação são mais suscetíveis a cáries e problemas de gengivas. Os dentes muito juntos proporcionam maior acúmulo de placa bacteriana, a qual é determinante das cáries e dos problemas de gengiva. Além de que dentes apinhados "escondem" as cáries, e quando são descobertas já são grandes
O tratamento dos dentes-de-leite habitua a criança, desde cedo, aos bons hábitos de higiene dentária. Dentes estragados e infeccionados comprometem todo o organismo. Provocam a piofagia (engolimento de pus). Germes são levados pela corrente circulatória, localizando-se em diversas partes do organismo, muitas vezes atacando um órgão já debilitado. Os exames feitos nas crianças permitem, ao clínico geral ou o odontopediatra, verificar qualquer alteração na articulação dos dentes e encaminhar ainda em tempo ao ortodontista. Em alguns casos, os tratamentos ortodônticos podem ser iniciados muito cedo, com grandes benefícios para o paciente. E, não raras vezes, sem que seja necessário colocar aparelhos, outras atitudes proporcionam melhor posicionamento dos dentes. De qualquer maneira, o acompanhamento desde cedo possibilita parâmetros para um diagnóstico futuro. Não deixem, pois, para mais tarde, sem o planejamento e acompanhamento de um ortodontista. É sempre mais fácil ir retificando o crescimento da árvore, do que deixá-la crescer torta para depois endireitá-la

Meios de conservar os dentes

Alimentação:
Uma alimentação perfeita é primordial para a constituição de dentes sãos. Não é suficiente, e muitas vezes até desnecessário, dar cálcio. Muitos pais acreditam que, dando cálcio, está resolvido o problema para conseguir dentes fortes. Sem dúvida, o cálcio, um dos principais elementos da constituição dos dentes, é muito importante. Mas necessita ser aplicado na época oportuna, quando o dente está em formação. Além do cálcio, são importantes para a constituição de dentes fortes: fósforo, vitaminas, principalmente A, C e D. É mais desejável, porém, que esses elementos sejam fornecidos ao organismo através de alimentos, do que de drogas. Para isso, deve haver a orientação do médico pediatra

Escovagem dos dentes:
A escovagem deve iniciar-se, na criança, o mais cedo possível. A princípio, deve ser executada pela mãe, já que a criança, antes de ter habilidade suficiente para tanto, necessita de que seus dentes sejam limpos. Os fabricantes de escovas de dentes oferecem um tamanho infantil muito próprio e atrativo. A escovagem à noite é a mais importante, porque, durante a noite, há uma diminuição considerável de excreção salivar, que é um dos elementos naturais e benéficos de limpeza dos dentes

Fluoração:
Está comprovado, estatisticamente, que o flúor tem uma influência altamente significativa sobre os dentes, diminuindo a incidência de cáries. Pode ser administrado de duas maneiras: a) aplicações tópicas sucessivas, sobre a superfície dos dentes; b) ingestão prolongada de um sal de flúor diluído na água. Algumas cidades, inclusive Uruguaiana, adicionam flúor na água potável. Este segundo meio é consideravelmente mais eficiente, desde que o flúor seja ingerido quando os dentes estão em formação e por um período prolongado. No entanto, reputamos mais importante do que a aplicação tópica do flúor, ou mesmo do que sua ingestão, uma escovagem perfeita dos dentes

Exames Periódicos:
De 6 em 6 meses, os dentes devem ser examinados por um odontólogo, a fim de que as cáries sejam tratadas quando ainda incipientes
Tratamento Ortodôntico:
A correção dos dentes tortos não têm um resultado unicamente estético. Os dentes em má posição são altamente suscetíveis às cáries e à paradentose (vulgarmente chamada de piorréia)

Cuidado com os doces:
Os doces são gostosos, mas são um dos principais fatores coadjuvantes da cárie. Não podemos proibir as crianças de comerem doces. Sugerimos que comam quanto quiserem, mas de uma só vez, e logo depois, escovem bem os dentes.

Conselho aos pais

Não manifestar seus próprios temores diante dos filhos. O medo, que muitas crianças apresentam na primeira visita ao consultório dentário, é devido, quase sempre, a ter ouvido relatos tenebrosos de "experiências" paternas
Não utilizar o dentista como ameaça. As célebres frases como "não incomoda, senão faço o dentista te arrancar um dente", ou, "faço o doutor te dar uma injeção". Fazem crer que estas coisas são tremendamente ruins, pois são oferecidas como castigos
Fazer os filhos se familiarizarem com o consultório dentário. Para isso, eles podem ser levados algumas vezes, como acompanhantes de alguma pessoa da família, que esteja em tratamento dentário. Isto, no entanto, deve ser feito com muito cuidado. De uma maneira completamente natural, sem chamar a atenção da criança para os aspectos negativos. É necessário ter cuidado até com as frases: "Viu que não dói nada ". A palavra dor não deve ser mencionada. A criança deve ser levada ao consultório dentário, da mesma forma como é levada pela mãe quando vai ao cabeleireiro ou à manicure.
Fazer com que seus filhos valorizem os bons dentes e que se sintam orgulhosos de tê-los bem limpos e tratados.
Não levar a criança ao consultório, a primeira vez, quando ela está com dor. Esta é uma falta imperdoável dos pais. Uma criança que chega ao consultório com dor, obriga o profissional a nela intervir sob condições completamente adversas, em um tecido dolorido e sem a confiança do pequeno paciente. Isto pode causar um traumatismo psíquico, que será levado por toda vida. A criança deve iniciar os exames dentários aos 3 anos e depois, periodicamente, de 6 em 6 meses. Ainda que tudo pareça normal. Assim, ficará familiarizada com o odontólogo e, este, não terá necessidade de usar intervenções imediatas, dedicando algumas sessões, apenas, para conseguir a simpatia e confiança da criança, o que é fundamental para o tratamento dentário.

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